Antes mesmo de saber que Kimi ni Todoke (Road to reach you ou Alcançando você) tinha sido licenciado pela Panini (apesar disso ter sido há mais de um ano já) eu já acompanhava o mangá por um tradutor jap-inglês chamado S2Scans . Devo confessar que entre os títulos shoujo lançados pela panini nesse último ano, Kimi ni Todoke é um completamente dispensável.
O mangá, que já teve adaptações para Live-Action e anime, foi lançado pela primeira vez no Japão em 2006 e desde então junta 17 volumes no seu país de origem. E continua em progresso. Lançado pela revista Bessatsu Margaret (Cat Stree, Lovely Complex) recebeu prêmio de melhor shoujo mangá em 2008 no 32º Anual Kodansha Manga Award. No Brasil o mangá se encontra na 8º edição.
A história conta sobre uma menina muito tímida que se parece com a protagonista Sadako de 'O chamado' (Ringu, no japão) e, por brincadeira adicional do autor, a menina se chama Sawako. Sempre tendo sua gentileza tida pelos outros como atos de terror, Sawako é uma pessoa solitária e extremamente na dela. Porém, ao conhecer Shota Kazehaya, garoto popular da escola e o seu completo oposto, vê na atenção que ele lhe dá uma inspiração para se relacionar melhor com os outros e, claro, termina por se apaixonar por ele.
A CONTINUAÇÃO DESSE TEXTO PODE CONTER SPOILERS ~
Em geral a linha da história e tema do mangá é um clichê eterno no mundo shoujo, mas, novamente, o que não é clichê no mundo shoujo? Eu sempre penso que não é o tema que leva uma história, mas sim o autor. O único mangá que eu li de Karuho Shiina é, e, até onde eu possa prever, será, Kimi ni Todoke.
Naturalmente os relacionamentos em shoujo são mais idealizados para nós, latinos filhos de uma cultura grega de exposição da imagem, mas 'Alcançando você' consegue extrapolar qualquer ideal de amor puro que exista nesse mundo. Os personagens principais não se dão as mãos, não andam juntos e tremem ao pensar na possibilidade de beijar o outro. Foram 71.... 71 capítulos até um selinho super forçado depois de muita enrolação. É. Enrolação.Existem mangás nos quais os protagonistas não se beijam (vide Dengeki Daisy) mas o entrosamento deles é perfeito, o leitor consegue perceber que eles sentem algo um pelo outro. No caso de Kimi ni não existe dinâmica ou química entre os protagonistas, por isso mesmo não se consegue vender esse ideal de amor.
Outro ponto muito fatal na narrativa do mangá é a doença, bastante comum, aliás, chamada 'adjuvantes mais interessantes'. Sawako é uma personagem totalmente pastel e, muitas vezes, eu me pego pensando que o mangá seria melhor sem ela. Seria mesmo. As suas duas melhores amigas Yano e Yoshida e seus respectivos affairs (afinal, o mangá a sobre atingir um amor verdadeiro) são dez mil vezes mais profundas e densas que a protagonista, com histórias de infância e argumentos muito mais críveis. Yano, minha favorita, é bem trabalhada e acessível. É fácil imagina-la ou se sentir como ela se sente. Francamente, a protagonista deveria ser ela.
Por fim, depois de 17 mangás e 71 capítulos a história - aliás, alguns capítulos atrás isso já havia acontecido - atingiu um ponto que não parece ter mais para onde se desenvolver e Shiina-sensei não está conseguindo ao menos encaminhar a narrativa para um fim aceitável. É possível sentir que o mangá está nas últimas porque está tudo se resolvendo e existe um cheiro de 'já basta' no ar. Shiina apela ainda para manter seus protagonistas sem sal no foco fazendo com que eles, que já estão namorando há um tempo, invistam em inseguranças e brigas tão, mas tão, fora do caráter montado para os dois e para o relacionamento dos dois que se perde o animo para ler.
O traço razoável e a falta do que fazer - e Yano, claro - são os únicos bons motivos para se ler esse mangá. Aliás, digo outra: Comece a ler a partir de Kento chegar (por coincidência, é no volume 8 que está sendo distribuído agora pela Panini) e você terá uma boa história.
Kimi ni Todoke leva três estrelas (só por causa da Yano e da Yoshida, se não levava duas.)
Kimi ni Todoke leva três estrelas (só por causa da Yano e da Yoshida, se não levava duas.)





1 comentários:
Yano e Yoshida são, verdadeiramente, a parte interessante da história. Basicamente a autora pega as mesmas situações do início da série, com os protagonistas, e as repete mudando uma coisinha ou outra. Com os coadjuvantes, isso não acontece. o.õ
Concordo absolutamente com esse teu review. xD
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